Antes de "dialogarmos" sobre o livro, vamos falar sobre PAULO FREIRE
Em
02 de Maio de 1997, morre em São Paulo, um dos mais conhecidos educadores
brasileiros, Paulo Freire, sua influência e contribuição para a educação
brasileira e mundial são inegáveis. Muitas manifestações levaram a faixa de
“Basta de Paulo Freire”, pois foi caracterizado como Marxista por acreditar na
luta de classes e na oposição entre opressor e oprimido, Paulo Freire criticava
a educação baseada na dominação e alienação, para ele a educação precisava proporcionar
um pensamento crítico e a construção do conhecimento.
“Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor.”
Paulo Freire
Para
Paulo Freire, essa pratica educativa nunca será aceita para a elite econômica,
porque promove a conscientização do povo sobre o seu lugar no mundo e estar no
mundo, resultando uma abertura para a realidade. Democracia, participação
popular, consciência, liberdade, criticidade são conceitos fundamentais para a
pedagogia de Paulo Freire.
E de CARLOS RODRIGUES BRANDÃO
Em
plena ditadura no Brasil, muitos educadores se reuniram para aplicarem esse
método, e Brandão, escrevia memórias dessas viagens, em 1971, pensou
transformar essas memorias em um livro.
Apesar
de ser formado em antropologia, ficou também conhecido como um educador popular
nesse processo de alfabetização.
O
livro, “O que é o método Paulo Freire”, traz um relato sobre a aplicação do
método do Paulo Freire de alfabetização de adultos. Segundo o livro, esse
método iniciou-se em pequenas cidades do nordeste, onde Paulo Freire conseguiu
alfabetizar 300 trabalhadores rurais em apenas 45 dias.
O
método tinha a proposta de identificar palavras-chaves do vocabulário dos
alunos – as chamadas “palavras geradoras” eram de uso comum e significativo
para os integrantes da comunidade. Eram apresentadas as palavras ao lado de
suas representações visuais do objeto e o mecanismo da linguagem era estudado
depois.
RESUMO
DO LIVRO
O
QUE É O MÉTODO PAULO FREIRE
Brandão
inicia seu livro como fosse um diário de viagem, entre São Paulo e o Nordeste do Brasil. O método Paulo Freire,
além de ser um método sociolinguístico, levava a educação como uma prática para
liberdade.
Devido à ditadura, os
participantes dessas viagens, acharam arriscado, publicar esse livro, por
apresentar muitas contestações e criticas politicas, por esse motivo em 1974
foi publicado em outros países latinos, e na 16ª edição chegou a Espanha,
levando o nome de Paulo Freire. Após 10 anos, Carlos Rodrigues Brandão
conseguiu vê-lo publicado no Brasil.
A pequena cidade,
Angicos (RN), sustentava-se através de trabalhos do campo, algodão e de
esperança. Havia 13 mil habitantes; e uma grande revolução ocorreria. Na época,
75% das pessoas em Angico, morriam entre a pobreza e o analfabetismo. Não
tinham capacidade de ler e interpretar o que significava sua maior arma contra
essas desigualdades alarmantes, o voto.
Iniciou-se então uma
campanha contra o analfabetismo, o problema base do estado. Demoraram, mas
perceberam que o maior problema não estava somente na falta de agua e alimento,
mas também na falta de conhecimento, e que lendo e escrevendo, o homem poderia
vencer não só o analfabetismo, mas também a miséria.
Em
1963, 15 universitários chegaram a Angico, com o intuito de colaborar com um
Brasil mais justo, convocaram os alunos, e explicaram a eles que seria possível
alfabetiza-los em 40 horas. Sem cartilhas, mas após integrar o grupo, conhecido
como “circulo de cultura” (os alunos se juntavam com os alfabetizados para
discutirem sobre um determinado assunto, geralmente sobre suas realidades, esse
trabalho iniciava-se através da oralidade, sendo a peça chave para a construção
coletiva da aprendizagem), conversaram sobre seus problemas, e levantaram as
palavras mais utilizadas na região. Instalaram as salas de aulas em casas
maiores, levaram cadernos, lápis, lampiões, ânimo e esperança para o povo
daquela região.
BETOLA
era uma palavra de uso local, que significa “enfeite na rede de dormir”, essa,
foi a primeira a ser apresentada ao grupo.
Esse
método de alfabetização era direcionado, através de palavras existentes e
conhecidas daquela região, com elas outras construções eram realizadas, como
por exemplo, as famílias das sílabas (ba, be,
bi, bo, bu - ta, te, ti, to, tu - la, le, li, lo, lu), assim, eram
projetadas outras palavras, como por exemplo BA+LA= bala. Sendo simples e eficiente para o publico que Paulo
Freire destacou.
Quando
completava 20 horas, as maiorias dos alunos já conseguiam ler e formar novas
palavras. No final, alunos sentiam segurança para escrever e discursar em
publico.
Essa
experiência foi expandida, aplicando-se em todo o território com o aval e o
incentivo do Governo Federal, com expectativa de atender mais de 20 000
círculos de cultura. Educadores preparavam-se para atender um grande numero da
população, porém o procedimento foi entendido como um ideal comunista, e a
ditadura forçou a extinção do projeto, exilando Paulo Freire por 16 anos. Mesmo
assim, o Brasil destacou-se pelo combate do analfabetismo pelo método Paulo
Freire, levando o educador a expandir seu nome e seu método mundialmente.
Para
Freire, o conhecimento era construído junto com os alunos, através de suas
realidades, e com a cartilha imposta, limitava esse conhecimento, isolando os
saberes e valores.
Esse é um livro muito rápido de ser lido, mas requer atenção aos fatos históricos para uma melhor compreensão. Como complemento à esse estudo, pesquise mais sobre Carlos Rodrigues Brandão e envolva-se.
REFERENCIAS
RODRIGUES
BRANDÃO,C.; O que é o método Paulo Freire.Edição: 20ª. Bralisiense, Coleção
Primeiros Passos, 1981. 120 p.
Uma observação nessa foto abaixo, embora essa frase seja "assinada" por Paulo Freire , pesquisas afirmam que essa frase chegou em suas mãos através de uma cartão postal escrito por Carlos Rodrigues Brandão. Legal né?
Uma observação nessa foto abaixo, embora essa frase seja "assinada" por Paulo Freire , pesquisas afirmam que essa frase chegou em suas mãos através de uma cartão postal escrito por Carlos Rodrigues Brandão. Legal né?
Hoje, Carlos Rodrigues Brandão coordena dois projetos de pesquisa sobre cultura popular e patrimônio cultural nos sertões do norte de Minas e no alto médio São Francisco. (informação retirada do Portal da Unicamp - onde desenvolveu a maior parte de sua vida acadêmica, até a aposentadoria em 1997. Desde então, continua atuando nesta Universidade como professor colaborador, assumindo orientações tanto no Programa de Antropologia como no Doutorado em Ciências Sociais.)
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